Dia 14 – DEMOISELLE

 

 

 

            Ulalá. Esse foi o dia do bistrô francês Demoiselle. Pouquíssimas mesas. Se for em turma, melhor reservar. Pequeno, aconchegante, romântico, atendimento impecável e os pratos dignos da fama da gastronomia francesa. Fiquei encantada.

            O restaurante usa como parte da decoração quadrinhos, livros e fotografias. Volumes do Asterix intercalados entre histórias de Santos Dumont e fotografias de dirigíveis. No teto, uma réplica do 14 Bis.

            Chegamos cedo, como sempre, de forma que foi possível escolher uma mesinha encantadora ao lado da janela. O restaurante ainda estava vazio, mas em pouco tempo estaria lotado.

            A simpática garçonete nos trouxe uma garrafa de água. Daquelas lindas de vidro que tem jeito de um passado sofisticado. E como não poderia deixar de ser, pedimos duas taças de vinho francês.

De entrada, escolhemos Gratin de Saint-Jacques: vieiras gratinadas com cogumelo paris. O manjar veio em uma linda concha e o sabor estava indescritível.

            Para o prato principal, meu marido pediu Tartiflette, um gratinado de batatas, bacon e queijo tipo reblochon, enquanto eu pedi o Médaillon Sauce Moutarde, medalhão de filé mignon com molho mostarda, fritas e ratatouille. Meu filé estava tenro, macio, quase derretendo em minha boca. O ratatouille tinha sabor de verão, contrastando com o molho de mostarda levemente picante que me remeteu a um inverno quentinho embaixo de um coberto de lã.

            As batatas do meu marido estavam cremosas e envoltas em um queijo derretido cujo sabor deveria ser proibitivo para os gulosos.

            Embora a fama dos restaurantes franceses seja de servir pratos minúsculos, esses foram muito bem servidos.

            Muito satisfeita com as iguarias e com o serviço impecável, meu olhar começou a vagar pelos livros (minha paixão) e quadros que deixavam o restaurante ainda mais pitoresco.

Na parede logo ao meu lado havia uma fotografia emoldurada com os dizeres abaixo: Paris, Summer of 1903, Santos Dumont flies the dirigible N. 6. Foi o primeiro dirigível a voar ao redor da Torre Eiffel.

            Na semana anterior, havíamos ido conhecer o Museu Catavento e Santos Dumont fazia parte da escalada dos sábios, ao lado de Leonardo Da Vinci, Marie Curie, Napoleão Bonaparte, Alexandre o Grande, dentre outros.

            O Brasil conta com muitos sábios, com muitos gênios, tanto na ciência, como na literatura, arte, música, esportes, todas as áreas consideradas na medida da inteligência, da genialidade, como Rui Barbosa, Oswaldo Cruz, Suzana Herculano-Houzel, Machado de Assis, Ana Botafogo, Tarsila do Amaral, Aleijadinho, Villa Lobos, João Gilberto e muitos, muitos outros.

            Sim, o Brasil tem muito filhos talentosos e é irônico, mesmo triste, que nossos talentos sejam, às vezes, mais conhecidos no exterior do que em nosso próprio país.

Mas, como dizem os franceses, c’est la vie.

           

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