Dia 16 – Hannover Perdizes
A princípio, o programa de domingo era apenas uma comédia no TUCA. A peça de teatro Dois de nós foi uma excelente opção para terminar a semana de bom humor. As produções com Antônio Fagundes são sempre excelentes e esta não foi uma exceção. Com Cristiane Torloni, Thiago Fragoso e Alexandra Martins, passamos momentos deliciosos entre risos e reflexões.
A noite poderia ter terminado ali e estaria tudo bem. Porém, decidimos jantar no restaurante Hanover, famoso por suas fondues, que ficava a apenas duas quadras do teatro.
Já conhecíamos o Hannover de Moema, mas confesso que o de Perdizes nos pareceu muito mais agradável.
A aparência externa de um castelo, a decoração belíssima do salão, o couvert perfeitamente distribuído em um suporte típico das casas de chá, tudo preenchia as exigências visuais que antecipam o sabor desejado.
Um violino belamente executado pelo elegante músico, acompanhado de músicas agradáveis ao fundo, foi o bastante para deliciar os ouvidos e aguçar ainda mais os outros sentidos.
O delicioso e inconfundível aroma da carne assando lentamente na pedra, o buquê delicado do vinho recomendado pela gentil e simpática Andrea, as diversas essências passeando por entre as mesas, e pronto. O espetáculo estava montado. Os sentidos coadjuvantes preparavam a entrada triunfal do paladar.
As manteigas coloridas e originais, os apetitosos pães de queijo – minha perdição, sempre – os pães artesanais, em suma, o elegante antepasto abriu nosso apetite para o prato principal: fondue de picanha uruguaia.
Diego, muito atencioso, explicou os procedimentos e tornou a encher nossas taças com o vinho. Tudo pronto.
Visão, audição, olfato e paladar. Até mesmo o tato foi agraciado, quando peguei o primeiro pão de queijo e senti, além de sua maciez, a temperatura do que acabara de sair do forno. Todos os sentidos satisfeitos.
Já finalizando o jantar, de repente, o som agudo e insistente de um alarme interrompeu a doce melodia do violino, as conversas íntimas dos casais, o barulho divertido das crianças, quebrando o clima daquele ambiente delicado.
Não havia pânico nem sinal de fumaça. Ninguém se levantou das mesas. Os funcionários corriam de um lado para o outro, mas não como quem está em perigo de vida e, sim, como quem está em perigo de perder o emprego. Não que fosse culpa de nenhum deles. Descobrimos, depois, que houve um defeito no sistema do alarme contrafogo.
Em meio àquele ruído insuportável que parecia não ter fim, saí do restaurante onde meus ouvidos seriam menos agredidos. Imaginei carros de bombeiros chegando a toda velocidade, mangueiras em punho, água por todo o recinto. Felizmente, conseguiram desligar o som antes que isso acontecesse.
Voltei à minha mesa e pedimos a conta, mas antes de pagarmos, meu marido ganhou um bolinho de aniversário que parecia delicioso, mas que não consegui provar, pois o alarme disparou mais uma vez. Socorro. Saí às pressas novamente, dessa vez com meu marido logo ao meu encalço e terminamos a noite sem saber o fim da história.
Não houve fogo. Não havia perigo. A noite foi divertida e diferente. Só meus ouvidos que discordaram.
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