Dia 4 – Taverna Medieval

 

 

 

            Essa noite, voltamos ao passado. Um passado, diga-se de passagem, sombrio. Por isso é que gosto tanto de lugares temáticos. Você pode simular uma experiência única sem os perigos reais daquela época ou daquele lugar.

            Da mesma forma, com filmes de suspenses e terror, eu posso extravasar toda a minha adrenalina sabendo que, no fundo, não corro nenhum risco. E isso é catártico, libertador. Para mim, é claro.

            O restaurante medieval possui vários ambientes. Na última sala, tem um barco viking gigante. Na sala de baixo tem uma passagem secreta para os toilettes que só se abria do jeito que víamos nos filmes. A sala em que ficamos tinha todo o ambiente sinistro dos castelos e igrejas medievais.

            Lembrei-me do filme “O nome da Rosa” e da casa de chá “As noviças”.

            Os atendentes foram especialmente simpáticos, sugerindo que enquanto nossos pedidos não chegassem fôssemos conhecer o lugar, o que fizemos prontamente, é claro.

            Uma senhora simpática veio nos convidar para jogar runas, a um preço módico, é claro. Teríamos direito a fazer três perguntas. Eu não tinha ideia do que eram as runas, mas entendi que era um tipo de oráculo e como eu sei o meu passado e não me interessa saber o futuro, recusei gentilmente. Mas uma das moças sentadas à mesa ao lado se interessou.

            Embora não me interesse por essas práticas, aumentar nossos conhecimentos nunca é demais, portanto, fui pesquisar depois o que era: o jogo de runas é um dos métodos de adivinhação mais antigos do mundo, contendo letras do alfabeto nórdico utilizadas pelos ancestrais de países do norte da Europa.  Agora já sei.

            Enquanto aguardávamos os pratos e, após já termos conhecido todo o recinto, entrou uma figura toda de preto, rosto escondido nas sombras do capuz. Senti um arrepio, como se estivesse realmente vivendo naquela época. Seria um algoz em busca de uma vítima para o fogo excruciante? Seria um impiedoso monge em busca de hereges para suspendê-los no cadafalso? A figura soturna parou justamente à mesa ao lado e a moça das runas se levantou. A pessoa que me transportou para a época das trevas despertando os meus medos primitivos fez alguns gestos com uma taça, levando-nos a entender que era uma espécie de batismo.

            Não sabia se aquela encenação toda era por causa da bebida que ela pediu ou se por causa das runas, mas da próxima vez vou perguntar. Se for a bebida, vou pedir uma daquelas para mim e entrar na brincadeira.

            Como já disse, adoro viver outras realidades que não me colocarão em verdadeiro perigo. Embora de vez em quando também goste do perigo. Mas controlado.

            Assim, jogos como escape, salas apavorantes como “Nightmare” no Canadá e aventuras semelhantes sempre serão bem-vindas.

            Ah, sim. A comida. Maravilhosa! Batatas canoa com uma seleção de maioneses deliciosas de entrada; sanduíches enormes e bem recheados explodindo de sabores, temperos e mistérios.

            Quero voltar, mas com uma turma grande, para que possamos nos sentar no barco viking, e para que possamos compartilhar todos os itens do cardápio. Será possível?

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