Dia 8 – Lolla meets fire
Assim que chegamos a esse simpático restaurante, fomos recepcionados por Gustavo. Como estava muito cedo, só havia uma única mesa ocupada.
Meu marido havia feito reserva, como sempre. Gustavo olhou para a quantidade de mesas vagas e riu.
Eu não gosto de me considerar idosa, muito pelo contrário. No espelho vejo uma jovem ainda cheia de sonhos e com muito tempo de vida. Na minha cabeça, ainda tenho 20 anos. Pratico esportes, gosto de dançar, barulho de crianças não me incomoda, muito pelo contrário, adoro brincadeiras, risadas, alegria, tenho a alma de uma menina.
Mas em se tratando da última refeição do dia, estamos jantando cada vez mais cedo, o que é um sinal da idade. Ou não?
Lembro-me de que, quando namorava, chegávamos aos restaurantes após às 21h e precisávamos ainda aguardar um bom tempo até que vagasse uma mesa. Nunca íamos dormir antes das 2h da manhã. A noite era uma criança.
Hoje, jantamos no máximo às 19h e às 22h já estamos nos braços de Orfeu. No meu caso, é uma mudança bastante radical que não consigo atribuir a mais nada que não seja a idade. Ou não?
De qualquer forma, lá estávamos nós, com uma reserva inútil, rindo da nossa própria bobagem.
Gustavo, muito amavelmente, perguntou onde queríamos nos sentar e sutilmente indicou a mesa vazia ao lado da única mesa ocupada.
— Gustavo, está tudo vazio e você quer que a gente atrapalhe o casalzinho em lua de mel? – Brinquei.
Obviamente nos sentamos do outro lado do restaurante.
Quando expliquei que não poderia beber – ainda, por causa da cirurgia – o homem não se fez de rogado. Trouxe uma garrafa de vinho tinto e nos serviu apenas um gole para que pudéssemos apreciar o delicado paladar. Em seguida, nos trouxe outro, mais encorpado apenas para efeito de comparação.
Foram dois goles realmente deliciosos, talvez especialmente pelo prazer do que é desejado, mas proibido.
Como se não bastasse toda a sua atenção, ainda nos recomendou as entradas e o prato principal, com uma precisão de quem sabe o que está fazendo.
Aquele rapaz simpático e brincalhão, gentil e atencioso, foi o ponto alto da noite. Não que os pratos não fizessem jus à fama do local, muito pelo contrário. Estavam deliciosos. O atendimento, no entanto, foi um ingrediente extra. Uma pitada de tempero que poderia passar desapercebida para muitas pessoas, mas que para nós deixou um gostinho de quero mais.
A esta altura, o restaurante já estava bastante movimentado, o que não mudou em nada o excelente atendimento que tivemos durante todo o jantar.
Gustavo só não conseguiu nos convencer a experimentar a sobremesa. Uma ótima desculpa para voltarmos, dessa vez, sem reservas.
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