Dia 9 – Casa Manzano
Um cantinho, um violão. Luís Fernando Veríssimo e trufas.
Livros, música e gastronomia. É minha ideia de paraíso.
A Casa Manzano é um recanto pequeno, íntimo, acolhedor. Poucas mesas, decoração literária, música suave e agradável.
Fotos de artistas diversos e citações de cantores como Vinicius de Moraes, Toquinho e Frank Sinatra contribuíram ainda mais para um jantar inesquecível.
Fomos atendidos pelo Paulo e pelo Gil. Alegres, sorridentes, pareciam gostar do ambiente e do serviço. Sempre desconfio de lugares com atendentes mal-humorados, grosseiros ou indiferentes. Parecem me dizer que gostariam de estar em qualquer lugar do mundo, menos ali.
Não foi o caso. Indicavam os pratos com orgulho e com segurança de que agradaria até o mais exigente crítico gastronômico.
Não sou nenhuma crítica, longe disso, mas se fosse, a Casa Manzano receberia cinco estrelas facilmente.
De entrada, Paulo sugeriu o queijo de cabra sobre carpaccio de maçãs verdes. Delicioso.
Como prato principal, pedi linguado ao molho de manga e meu marido, sorrentini de queijo da canastra e castanhas caramelizadas ao molho bechamel. O linguado estava ótimo, mas o sorrentini foi um pedaço do paraíso em minha boca.
Sempre achei injusto não poder reter o sabor da mesma forma como retemos imagens. Quando estamos diante de uma paisagem maravilhosa, usamos a máquina fotográfica para captar a imagem que estamos vendo e poder revê-la sempre que quisermos. Com o paladar, isso não é possível.
Até mesmo os aromas somos capazes de guardar, por um certo tempo. Tenho um perfume que chegou quase ao fim, mas ainda o conservo para sentir a sua fragrância e me remeter às lembranças que ela me traz.
Mas como captar o sabor e guardá-lo para ocasiões futuras? Impossível. Como repetir aquela experiência em nossa boca? Um prato provado em uma viagem singular provavelmente nunca mais entrará em contato com nossas papilas gustativas. O sabor se perde para sempre.
Para piorar a situação, a Casa Manzano varia seu cardápio. Naquela noite específica, fomos agraciados com o cardápio do verão, que já não será o mesmo a partir de 20 ou 21 de março, quando começa o outono.
Teremos que voltar antes dessa data, para provarmos um pedaço do céu novamente. Adoro esse tipo de sacrifício.
Descobrimos, também, que há eventos de degustação de vinhos e se pode reservar o local para encontros variados.
Acredito que o clube do livro ao qual faço parte irá adorar essa mudança de cenário. E quem sabe, no futuro, seja também o palco do lançamento de algum livro meu. Não custa sonhar.
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