Dia 13 – MUSEO VERÓNICA

 

           

 

            Restaurante tipicamente espanhol. Imediatamente me senti na Espanha, mais precisamente na Galícia.

            Logo na entrada, havia um homem de preto, parado à porta.

            — Boa noite – dissemos.

            — Boa noite – respondeu sem nenhum sorriso e sem mesmo abrir a porta para que entrássemos.

            Abrimos a porta e, então, ele perguntou:

            — Duas pessoas? Mesas do cento ou do canto direito.

            Tudo isso sem um único sorriso. A voz grave e soturna.

            Escolhemos uma das mesas do canto.

            O homem que estava à porta deixou um cartão de QR-Code na mesa e se foi.

            O outro garçom também era bastante sério. Na verdade, dava um pouco de medo, até.

            Sim, estávamos verdadeiramente na Espanha.

            Cada país tem sua cultura típica e, como brasileiros, acreditamos sempre que todos serão alegres, gentis, acolhedores como temos a fama de ser. Na verdade, nem todos são assim.

            Quando fui morar em Brasília, tive um choque cultural. O mau atendimento era o de praxe. Atendentes carrancudos, garçons mal-educados, extrema má vontade de vendedores e serviços de péssima qualidade.

            Felizmente, isso mudou. Hoje Brasília é uma cidade completamente diferente da que conheci há quase 20 anos.

            Então, é claro que nem todo brasileiro é gentil, mas temos essa fama de povo acolhedor, alegre, bem-humorado.

            O mesmo não ocorre em outros países. Isso não significa que as pessoas de lá sejam mal-educadas, grosseiras, agressivas. Simplesmente são diferentes.

            Quando morei em Lisboa, achei o português extremamente seco e grosseiro. Não era. Só era diferente do brasileiro. Um jeito diferente de se apresentar, de aparentar. Quando peguei um táxi para a estação de trem que me levaria a Madrid, o motorista me disse:

            — Olha, cuidado com o pessoal da Espanha, porque eles não são tão gentis e alegres quanto os portugueses.

            Meu Deus, pensei, estou perdida, então.

            Portanto, nesse restaurante espanhol, não me melindrei absolutamente com as atitudes dos garçons.  Obviamente eles eram brasileiros e eu costumo associar a atitude do funcionário com a satisfação que ele tem em trabalhar naquele lugar. Portanto, a princípio, nunca culpo quem está na parte mais baixa da pirâmide. E, é claro, sempre prezo muito o bom atendimento, mas a noite ainda era uma criança.

            Pedimos, de entradas, papas bravas, que são batatas fritas com molho bem picante. Bom, a cara dos garçons estava mais brava do que as batatas. Mas não sou parâmetro. Adoro pimenta. Das fortes.

            Pedi bacalhau envolto em purê de batata e meu marido, filé mignon com molho de mostarda. Tudo gostoso. Nada imperdível.

            Novamente não pedimos a sobremesa, mas dessa vez porque achamos que não valeria a pena.

            O restaurante, em si, também não me pareceu muito acolhedor. Frio, inóspito, talvez pelo fato de ser pequeno e encher muito rapidamente. A rotatividade precisa ser alta.

            Se eu recomendaria? Sim. Pelo custo-benefício. A comida estava boa e o preço não era assustador.

            Se eu voltaria? Provavelmente não. Como já disse outras vezes, para mim, o atendimento, o bom-humor, a gentileza, o sorriso, são imprescindíveis, em qualquer lugar que eu vá.

 

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