Dia 10 – Paella Rio Sampa
Novamente, vinhos da Grand Cru. Dessa vez, ao lado do restaurante. Uma lojinha simpática, atraente aos olhos, seduzindo, tal qual uma sereia, despertando o paladar. Mas não era ali o nosso destino. Após um breve flerte de nossa parte, dirigimo-nos ao restaurante.
A princípio, não me impressionou. Simples, algumas mesas na frente, algumas mesas atrás. O ar abafado nos ajudou a decidir. Sentamo-nos na varanda coberta por folhas de parreira, de frente para a rua. Cachos de uvas verdes se escondiam nas laterais.
Da nossa mesa podíamos ver a cozinha, bem pequenina e separada da recepção por um vidro cuja abertura no meio servia de conexão entre os pratos e a garçonete. Era possível acompanhar o competente cozinheiro em sua arte culinária.
A jovem que nos atendeu estava trabalhando há apenas cinco meses. Inexperiente com os vinhos, mesmo porque ela nunca havia bebido, recitava todos os pratos de cor.
Meus olhos gulosos se fixaram imediatamente nas ostras, mas como teria que comê-las sozinha, refreei o meu desejo. Fomos direto para as Paellas. Pedi à gentil moça que nos explicasse o que era Fideuá.
— É a paella feita com macarrão, em vez de arroz. – Explicou.
A foto que ela nos mostrou estava tão divina, que não resistimos.
— É essa que queremos.
Enquanto o prato estava sendo preparado, fomos escolher o vinho na loja da Grand Cru. Mais alguns flertes de nossa parte, sugestão do simpático vendedor, e tudo estava harmonizado.
Alguns minutos depois, entrou um casal que logo perguntou pelas ostras. Sentaram-se perto de nossa mesa e pude notar que eram estrangeiros. Falavam em castelhano. Espanhóis, argentinos, chilenos, como saber? Descobrimos, depois, que ele era espanhol e ela, peruana. Conheceram-se no Brasil e estavam apaixonados. Ela, linda e meiga. Ele, simpático e divertido.
Gostamos deles imediatamente. Assim como eu, adoravam ostras.
Alguns países são xenófobos. Acusam os estrangeiros de roubarem empregos dos residentes; culpam os imigrantes por todos os males que assolam o país, acham-se superiores ao resto do mundo.
O Brasil, ao contrário, abraça os estrangeiros, acolhe os imigrantes. Tal qual um coração de mãe, tem lugar para todo mundo.
Claro, estou falando do país, de um modo geral, não das pessoas em particular. Em países xenófobos há quem goste dos estrangeiros, assim como, no Brasil, há xenófobos também. Mas gosto de acreditar que são exceção.
Conhecer outras culturas, outros idiomas, outros conceitos, abre nossa mente. Alarga nossos horizontes de forma que nunca mais eles se estreitam. Conhecer pessoas diferentes, que pensam de forma diferente, que por algum motivo escolheram esse país para viver, como alguém poderia recusar essa riqueza?
Trocamos contatos e combinamos de nos encontrarmos novamente no Paella Rio Sampa para comermos ostra, tomarmos vinho e jogarmos conversa fora.
Quanto à Fideuá, estava um espetáculo. Tanto que devoramos tudo, embora o prato fosse enorme.
Minha primeira impressão sobre o lugar ser simples mudou completamente. Comida deliciosa, atendimento maravilhoso, vinho de excelente qualidade. O restaurante é um luxo.
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